Inscrições Abertas em caráter de lista de interesse.

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Inscrições abertas (clique na imagem) em caráter de lista de interesse. Previsão de início: abril de 2014.

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Fiar a escrita na Universidade Federal de Santa Maria

·         Fiar a escrita: exercícios e experimentações para um escrever ciência
31 de julho 2014 no 

Parte-se da afirmação de que não há pesquisa sem registro escrito e que fazer ciência é também escrever. A oficina procura colocar as artes manuais e literárias a serviço da escrita acadêmica em todos os níveis, da graduação ao pós-doutoramento. Proposta de exercícios e experimentações que inventam e oxigenam os modos de escrever ciência, não só, mas especialmente, a escrita das ciências que enfocam processos vivos, sejam humanos ou naturais. A experiência quer favorecer a redação de artigos e TCCs, dissertações, teses e demais gêneros da escrita acadêmica, pensados como acompanhamento de processos, em pesquisas qualitativas e quantitativas. Parte-se da cartografia, metodologia investigativa sistematizada por Kastrup (2009), com base no pensamento de Deleuze e Guattari (2010). 
 As práticas da oficina promovem atividades artífices de escritura no contato com as manualidades e seus fazeres. A metodologia empregada pretende acentuar o carácter vivencial da experiência de escrever, considerando seus modos de subjetivação, na perspectiva de Rolnik (2007). A prática metodológica aciona o corpo e o implica nos exercícios de escrita, tornando-se importante instrumento para a percepção e o registro dos processos de pesquisa. Assim, possibilita-se ao participante fazer do escrever um aliado na investigação, dando expressão à processualidade da pesquisa.

Espaço teia urdidura leve sem dor. Um modo de existir. Produção de vida.
(Textos dos participantes, em redação)


No espaço público da Universidade Federal de Santa Maria, os fios se estendem pelos corredores. Galhos, pedras, lãs escritos.
  
 Um texto se tece entre corpos que se desviam, se abaixam. Não podem mais andar como antes. Incômodo. 
 A escrita colocada em questão. A leitura colocada em questão.
 É possível legitimar os sentidos na educação?
 Assim, entre uma decisão e outra, estamos levando nossas vidas. Sem saber se queremos adiantar o relógio para alcançar os nossos objetivos, os nossos desejos e sonhos, que nos fazem ter a sensação de que estamos atrasados para chegar a algum lugar. Mas, também, vem o desejo que o tempo não passe, que ele passe devagar, para que assim a nossa vida se prolongue, para que a velhice não chegue cedo. E assim, ficamos no portal. Nem dentro nem fora. Sempre entre.
 Muito se falou do frio, hoje encontro calor, sol dia claro que ontem se encontrava fechado, nublado. Não amanhecia como de costume. Depois de paisagens campestres e casinhas de bonecas pelo caminho...
 O processo de elaboração da tese se oferece ou exige dedicação exclusiva e uma vontade de isolar-se de tudo e todos. O cotidiano porém, nos interrompe o devaneio e pequenas coisas, como preparar um jantar se torna algo trabalhoso e pouco prazeroso. 
 Meu corpo que move-se pesado, um tanto por causa da idade um tanto por causa da sensação da fome, questiona o instante futuro. Reconheço que o processo de conhecer se dá ali, na limitação do espaço da cozinha, entre o forno e o fogão. 
 E uma chuva de emoções brotam, como emoções e memórias da minha infância.
 Recordo minha mãe preparando uma fornada de pão e uma mesa farta para o café.
 "Mas agora parece-me que, mais importante do que estudar, descobrir seja o que for através da leitura, é seguir a revelação das mãos que manipulam, agindo na matéria. Eu sou também matéria" (Maria Gabriela Lhansol).
 Matéria que sofre, que sente, matéria que observa e é observada. E ao me perceber matéria, vejo que sou a construção de muitos "eus"... O que lê, o que vê, o que ouve. Todos eles, às vezes, tensionados por ter que estudar. Na verdade, meu "eu" mais forte que apenas aprender, vivenciar, sentir através do que lê. Se fizer sentido, tudo bem, se não, tudo bem ainda.
 "É a primeira vez que falo tão claramente de coisas concretas. Mas todo este clima intrincado me impede de escrever e, vendo Virginia Woolf, o seu destino, compreendo como é necessário viver e escrever, e não viver sozinha com a escrita. Viver sozinha com a escrita seria uma aventura temerária. Não desejarei preparar nenhuma espécie de decadência, nem a do desprezo do corpo, nem a de qualquer forma de actividade / de desprezo, pois que estou multiplamente viva.

Eu desejo viver com a minha dignidade de quem sou, esperando o presente, e vivendo no futuro" (Maria Gabriela Lhansol).

Este trecho me remete à poesia de Fernando Pessoa: "Navegar é preciso, viver não é preciso". A qual eu remeto: Escrever é preciso, viver não é preciso.
 Quando escrevemos, lemos, interagimos com o meio em que esta leitura se encontra, passamos a experenciar nossas vivências. Sendo que estas devem estar vinculadas com nossa fala e escrita.  O mundo vive em uma grande hipocresia onde não dialogamos mais com nós mesmos, muito menos com os nossos pares. 
 A escrita nos leva a um mundo mágico onde o ser passa a manifestar suas apreensões e significações, nos não é somente através do campo das ideias que nos manifestamos, o corpo é uma forma de manifestação.
O sentimento expresso pelo corpo, o diálogo com o autor e as manifestações externas, influenciam o meio e a forma com que vivenciamos a leitura, ou melhor, como ela nos vivencia.

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